“Deve chegar esta semana.” Chegará na próxima. Mais provável que na outra. Com sorte.
“O Brasil é um dos cinco maiores produtores mundiais de….” É o quinto. “É um dos nove maiores…” É o nono.
“A visita do técnico está agendada entre oito da manhã e duas da tarde.” Ele chegará às seis e meia, quando não houver ninguém em casa a não ser você, que vai estar no banho.
“A previsão é de sol pela manhã e possibilidade de chuva no final da tarde”, crava o meteorologista. Às dez e meia, você está ensopado. No final da tarde, gripado.
A viagem deveria levar duas horas, no máximo. Mas o tempo do moço que serve café na parada do posto não é o mesmo que o seu.
É a segunda vez este mês. E ainda estamos no dia 14.
Depois de dois “Cs” sempre vem um “A”, raciocina o vestibulando antes de chutar (errado) a resposta da questão.
“É só por alguns dias.” Uns trinta.
O juiz dará dois minutos de acréscimo no caso do seu time estar perdendo. E nove se estiver ganhando.
Juro pela minha avó que paro de beber este ano. Na parede da sala, o mais antigo dos cinco retratos treme inexplicavelmente.
Sete pecados capitais. A gula se sente injustiçada. A avareza não queria dividir o posto com ninguém. Por ser apenas mais uma, a ira fica fula. E a preguiça, que só queria ser um viciozinho de nada.
“Para que mais um cachorro, meu bem? Dois já não está bom?” Dia seguinte, recolhe na calçada o cocô do terceiro cachorro.
Dez dedos em 88 teclas. Dois deles, desafinados de nascença.
“Combinadíssimo: às nove em ponto.” Às dez e quinze, uma ligação pedirá desculpas.
“Me dá mais uma semana.” Estranha semana de 17 dias.
“Daqui a um mês te devolvo”, prometeu há cinco.
As chances de derrota do seu time são de menos de 10 %. Mas o centroavante do time adversário não entende bulhufas de estatística.
“Acho que vai dar”, pensa o motorista antes de afundar o carro na pista alagada.
O horóscopo garantiu que hoje não é o meu dia – disse confiante o passageiro antes de entrar no avião. Mas, e se for o dia do piloto?
Paris fica a 9 mil km de distância. 38 mil com o atual saldo bancário.
O homem olha o relógio e confere as horas, antes de pontualmente saltar da janela.
Os planetas são oito. Já foram nove. De vez em quando, um é rebaixado. Sem jamais ter sido consultado a respeito.
“A gente tem dois ouvidos e uma boca para ouvir mais e falar menos.” Nós, surdos de um ouvido, aguardamos instruções.
“Nove entre dez homens nascem para liderar”, diz o palestrante. Aliviado, o décimo sai para tomar um sorvetinho.
Mil e novecentos segundos tem o “um minuto” do atendente da repartição pública.
“Vejo em seu futuro um homem rico, fiel e três filhos.” A cartomante pensa em suas dívidas, na traição do marido, nos seus filhos pelo mundo, suspira e puxa outra carta.
“Só mais uma.” Uma hora e quatro últimas depois, pedem a saideira com voz arrastada.
63 anos. Eu não daria mais que 62.